MOVIMENTO NACIONAL DIGA NÃO À LEISHMANIOSE, O CÃO NÃO É NO VILÃO!

LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO BRASIL

A Leishmaniose Visceral Canina é uma doença que vem se alastrando pelo Brasil e provocando a morte de milhares de cães. O pior é que mesmo matando os cães de forma indiscriminada o governo brasileiro não consegue deter o seu avanço.

Mas,

O que é Leishmaniose Visceral Canina?

1. É uma doença provocada pelo protozoário Leishmania infantum que além dos cães, afeta também o ser humano e outros mamíferos;

2. A L. infantum é transmitida pela picada de um inseto conhecido como flebotomíneo (mosquito palha) infectado;

3. Os hospedeiros da L. infantum reconhecidos em trabalhos científicos são canídeos silvestres, cão, humanos, gato, gambás, roedores, bovinos, entre outros.

Estas informações básicas deveriam servir como ponto de partida para a construção de uma política de saúde que priorizasse a vida dentro de uma comunidade, zelando pela saúde de todos, inclusive dos animais e do meio ambiente.

Estudos, pesquisas e ações deveriam ser direcionadas para a prevenção da infecção e doença, através do controle dos flebotomíneos, a vacinação dos cães não infectados, o uso de repelentes e o diagnóstico precoce e tratamento dos doentes.

Nem sempre o lógico acontece em nosso país...

Segundo o protocolo do Ministério da Saúde, ao ser notificado um caso de leishmaniose visceral humano, a Vigilância em Saúde deve seguir as seguintes recomendações como medidas de controle da doença:

- Medidas de Controle

- Orientações dirigidas para o diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos humanos.

- Orientações dirigidas ao controle do vetor.

- Orientações dirigidas ao controle do reservatório canino.

Mas ... como o Brasil enfrenta as leishmanioses?

Em nosso país, ao ser constatada a leishmaniose visceral humana, a primeira medida adotada é o recolhimento e extermínio massivo de cães, tanto daqueles que vivem em nas ruas, quanto os domiciliados e semi domiciliados.

Os métodos diagnósticos utilizados para detecção dos animais infectados ou doentes, não são precisos, podendo ocorrer reações cruzadas com outras infecções e doenças comuns aos cães . Exames confirmatórios da presença do protozoário em cães não são realizados, o que significa que o extermínio é realizado em cães infectados, doentes e não infectados ... basta ser cão.

Milhares de cães supostamente infectados são mortos indiscriminadamente por ano nos Centros de Controle de Zoonoses em todo o país e medidas de prevenção não são cogitadas. Limpeza, dedetização, eliminação dos flebótomos, utilização de repelentes e vacinação dos cães contra a doença, são refutados sob argumentos político-financeiros.

Os produtos preventivos como as vacinas e a coleira contendo inseticida (deltametrina 4%), indicada até mesmo pela Organização Mundial de Saúde para o controle da leishmaniose visceral, não são adotadas pelos serviços públicos e, além disso, sofrem taxações de impostos que os encarecem e os tornam inviáveis para grande parte da população.

ACRESCENTARÍAMOS:

A "vilanização "do cão leva a representações falsas e práticas equivocadas sobre a doença, tais como :

- A crença de que há contágio direto a partir dos cães

- A crença de que é necessário "optar"entre ter animais vs. a saúde das crianças

- O aumento do abandono de animais supostamente infectados

- A crença de que, livrando-se dos cães, as pessoas estão a salvo da Leishmaniose, embora os flebótomos sigam no ambiente.

- A matança de animais adultos supostamente infectados e a reposição por animais mais jovens, muitas vezes mais vulneráveis a contrair a doença.

Não existe campanha sistemática de educação em saúde no Brasil e em relação à leishmaniose visceral não existe investimento público em educação e esclarecimento da população sobre as formas de prevenção e controle. Os órgãos públicos se contentam em matar cães, não permitir o tratamento dos animais e sempre alegar questões financeiras para o investimento necessário no controle dessa endemia.

O mundo trata e o Brasil mata, até quando?

Será que somente o Brasil tem razão e os outros países estão errados?

O MOVIMENTO DIGA NÃO À LEISHMANIOSE, O CÃO NÃO É O VILÃO!

DENUNCIA:

O DESAMPARO DA POPULAÇÃO CARENTE E O EXTERMÍNIO INÚTIL DE CÃES, ATESTAM A FALTA DE SERIEDADE E INTERESSE DO PODER PÚBLICO NO COMBATE À LEISHMANIOSE VISCERAL NO BRASIL.

FORMAS PARA PREVENIR E CONTROLAR A LEISHMANIOSE

Medidas contra o mosquito transmissor:

O “Mosquito Palha”, transmissor da Leishmaniose, se reproduz em locais com muita matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos caídos, troncos apodrecidos, mata muito densa, lixo

acumulado, fezes de animais) e sai para alimentar-se (picar) ao final do dia e durante à noite.

Portanto, recomenda-se:

- Evitar acúmulo de lixo em casa. Não jogar lixo em terrenos vazios.

- Manter o quintal ou jardim sempre limpo, bem capinado e livre de fezes de cachorro ou fezes de qualquer outro animal ( gatos, suínos, cavalos, galinhas, coelhos, etc ), acúmulo de folhagens e restos de alimentos.

- Usar repelentes ou inseticidas no final da tarde ou cultivar ao redor da casa plantas com ação repelente (Citronela ou Neem).

Medidas para proteger o seu cão:

Vacinar seu animal anualmente com vacinas especificas para Leishmaniose.

Usar coleiras impregnadas com inseticidas (deltametrina a 4%) que devem ser trocadas a cada seis meses ou produtos tópicos “spot on” que devem ser reaplicados mensalmente ou conforme indicação do fabricante.

Colocar telas de malha bem fina no canil ou utilizar plantas com ação repelente (Citronela ou Neem).

Manter o abrigo do seu cão sempre limpo, sem fezes ou restos de alimento.

Evitar sair para passear com o seu cachorro entre o pôr-do-sol e o amanhecer.

PREVENIR É O MELHOR REMÉDIO PARA COMBATER A LEISHMANIOSE VISCERAL.

É PRECISO REPELIR E ELIMINAR O INSETO TRANSMISSOR!

Se você suspeitar que seu animal esteja com Leishmaniose, não tome nenhuma decisão antes de consultar o médico veterinário. Nunca abandone seu animal na rua, pois, se ele estiver doente, permanecerá sendo uma fonte de infecção para o mosquito transmissor e o ciclo de transmissão da doença continuará. É neste momento que seu melhor amigo precisa mais de você.

Existem medidas preventivas que podem ajudar seu cão e sua família.

PROCURE SEMPRE O MÉDICO VETERINÁRIO. ELE LHE DARÁ TODAS AS ORIENTAÇÕES NECESSÁRIAS!

ABAIXO ASSINADO MOBILIZAÇÃO CONTRA O EXTERMÍNIO DE CÃES COM LEISHMANIOSE:

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N15026

Referência:

1-Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral- Ministério da Saúde

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_leish_visceral2006.pdf

2- Texto revisado pelo Dr. Vítor Márcio Ribeiro, médico veterinário, PhD em parasitologia, especialista em Leishmaniose. Atua em pesquisas nas áreas de leishmaniose visceral canina e felina.

sábado, 30 de junho de 2012

LEISHMANIOSE : FIOCRUZ

Em 1991, aceitava-se tratar o cão com leishmaniose.


Leishmaniose
Doença infecciosa não contagiosa que se apresenta com características clínicas e epidemiológicas diversas em cada área geográfica.

Trata-se de uma zoonose urbana e periurbana dividida em quatro grupos: leishmaniose cutânea, que é a que produz exclusivamente lesões cutâneas, ulcerosas ou não, porém limitadas; leishmaniose cutâneo-mucosa ou leishmaniose mucocutânea, caracterizada por formas que se complicam freqüentemente com o aparecimento de lesões destrutivas nas mucosas do nariz, boca e faringe; leishmaniose visceral ou calazar, formas viscerais em que o parasito tem afinidade (tropismo) com o SFM (sistema fogocítico mononuclear) do baço, do fígado, da medula óssea e dos tecidos linfoides ; leishmaniose cutânea difusa, formas dissiminadas cutâneas que se apresentam em indivíduos alérgicos ou, tardiamente, em pacientes que foram tratados de calazar.

O parasito responsável pelas leishmanioses humanas é um protozoário que durante seu ciclo evolutivo necessita de hospedeiros vertebrados e de hospedeiros invertebrados (flebótomos). Para identificar as diferentes estirpes isoladas foi elaborada uma classificação baseada fundamentalmente nas doenças que eles produzem, levando-se em conta o quadro clínico e também as características biológicas, geográficas e epidemiológicas.

L. brasilienses, L.chafasi, L.mexicana , L.amazonensis constituem exemplos de parasitos causadores de leishmanioses.

Para detectar uma infecção, costuma-se recorrer a um dos dois métodos seguintes: Inoculação do material suspeito (tecido, etc.) em um meio de cultura adequado; ou inoculação do tecido, devidamente triturado, em mais de um animal de laboratório muito suscetível, como o hamster (mesocricetus, aratus).

O vetor das leishmanioses é sempre um flebotomínio, que ao picar o indivíduo ou o animal parasitado retira junto com o sangue ou com a linfa intersticial as leishmanioses, que passarão a evoluir no interior do tubo digestivo, sofrendo muitas modificações.

Ao alimentar-se com o sangue de outros animais ou pessoas, o inseto passa a regurgitar o material aspirado. Fica assegurada desse modo, a inoculação de formas infectantes em um novo hospedeiro vertebrado, completando assim o ciclo evolutivo do parasito e a sua propagação a novos indivíduos suscetíveis.

Os flebotomínios são pequenos, muito pilosos de cor palha ou castanhos claros, facilmente reconhecidos pela atitude que assumem quando pousados, permanecendo com as asas entreabertas e ligeiramente levantadas, ao invés de se cruzarem sobre o dorso. São conhecidos como: "cangalha", "orelha de veado": "mosquito palha", "tabuira", e etc. Apenas dois gêneros são realmente importantes para a epidemiologia das leishmanioses: Lutzumira, cujas fêmeas picam o homem (leishmaniose da América) e Phlebotomus, responsáveis pelas leishmanioses da África, da Europa e da Ásia.

Os animais reservatórios são os roedores, marsupiais (Didelphis) e cães domésticos. Dependendo do tipo de leishmaniose e da região endêmica, a doença recebe um nome característico de cada região, de acordo com a sua origem: "botão do oriente", "úlcera ou botão de Bikra (Argélia )", gafsa (Tunísia), Bagdá (Iraque), espúndia, úlcera de Bauru, ferida brava, úlcera de los chicleros, "bay sore".

A leishmaniose apresenta ampla distribuição no Brasil, Venezuela, Guiana Francesa, América Central, nas áreas florestais dos Andes, Suriname, Panamá, Oriente Médio, região neotropical e planície litorânea do golfo do México, Guatemala, Belize, Bacia Amazônica e outros.

O controle da doença é feito através do combate aos insetos por meio de inseticidas. Além disto, deve-se evitar os locais já sabidamente freqüentados pelos flebótomos ao entardecer e ao diagnosticar os animais domésticos, tratá-los logo que se suspeite dos sintomas da doença.

O tratamento é específico para cada tipo de leishmaniose através de drogas também especificadas.
Bibliografia

AGUIAR, G.M.;VILELA, M.L.; SOUCASAUX, T. Aspectos da ecologia dos flebótomos do Parque Nacional da serra dos Órgãos do Estado do Rio de Janeiro; V - Preferências alimentares (Diptera, Psychodidae, Phlebotominae. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.81, n. 4p.
477-479, out./dez. 1986.
BRYCESON, A.D.M. Mechanism of disease in leishmanioses. Sympodium of the British Society for Parasitology, v. 13, p. 85-100, 1975.
REY, Luis.
Parasitologia .2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogam, 1991.
 http://www.fiocruz.br/bibcb/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=102&sid=106

LEISHMANIOSE: O CÃO NÃO É O VILÃO!


Desinformação e comodismo do governo levam, de forma equivocada, milhares de cães portadores de leishmaniose a procedimentos de eutanásia.

Leishmaniose: O cão não é o vilão. (Foto: Semana Online)Leishmaniose: O cão não é o vilão. (Foto: Semana Online)
Enquanto o governo não muda a estratégia de combate à leishmaniose, os cães e seus proprietários ficam reféns da própria sorte, na dependência da divulgação de informações consistentes sobre a doença. Atualmente, a aprovação de vacinas de imunização contra a leishmaniose esbarra na burocracia estabelecida entres os ministérios da Saúde e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Imagem: Semana OnlineImagem: Semana OnlineNo ano de 2010, a publicitária Val Reis estava em sua residência quando agentes de saúde do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Campo Grande (MS) bateram à porta. A visita teve como finalidade coletar sangue de cães para identificar animais portadores de leishmaniose, uma doença parasitária que pode levar à morte não só cães, mas seres humanos. Na casa de Val havia um único cão, Half, na família há mais de uma década. "O Half era um cão saudável, não tinha razão para alarde", conta. Seis meses depois, entretanto, outra visita do CCZ confirmou que o animal era portador da doença e que, portanto, deveria ser recolhido para eutanásia.
O que era para ser uma simples medida para o controle de uma zoonose se tornou o transtorno de uma família. Com a visita do CCZ, a informação (equivocada) que Val tinha até aquele momento era de que a doença poderia ser transmitida para humanos a partir dos cães. "Foi um choque, a gente nunca espera esse tipo de notícia. Era tudo desencontrado, a gente fica meio sem saber o que fazer. O Half nunca apresentou nenhum sintoma da doença, tanto que refiz o exame várias vezes para acreditar no diagnóstico", conta.
Como não deu retorno ao CCZ, Val relata que dias depois recebeu uma ligação do órgão, que ameaçou aplicar multa caso o animal não fosse entregue. "O Half é um cão que estava comigo há anos, desde que os meus filhos eram pequenos. Eu queria saber o que era a doença e o que eu poderia fazer. Não dava para simplesmente entregar um animal que era parte da família". E assim começou uma cruzada por várias clínicas veterinária em busca de informação até ser instruída corretamente sobre quais os riscos reais de contágio da leishmaniose, modos de prevenção e, principalmente, a possibilidade real de tratamento para seu cão. "Parece que essa desinformação é proposital para que o dono entre em pânico e entregue o cão. Hoje sei que tenho direito de tratar meu cachorro e não me arrependo de nada do que fiz, pelo contrário, faria de novo. Meu cão faz parte da minha vida. Na hora que ele ficasse doente e que mais precisasse de mim, jamais iria abandoná-lo", conta a publicitária.

Na Europa, o tratamento de cães é o mesmo dos humanos e ocorre desde a década de 1940

Imagem: Semana OnlineImagem: Semana OnlineHistórias como a de Val estão diluídas entre outras milhares não só em Campo Grande, mas em várias cidades brasileiras que, em geral, optam por seguir as diretrizes do Programa Nacional de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral, proposto pelo Ministério da Saúde. Entretanto, o principal órgão de saúde do país segue na contramão do que é praticado em países desenvolvidos, com bons indicadores no combate à leishmaniose: em todo o mundo, somente no Brasil existe a política de eutanásia de cães soropositivos. Na batalha contra a doença, o cão assume o papel de vilão quando, na realidade, é tão vítima quanto o ser humano.

Políticas de matança

Para boa parte da população, a questão da leishmaniose é tratada no Brasil de forma nebulosa, isso porque há muita desinformação quanto aos procedimentos executados pelo poder público. Atualmente, a maioria das cidades seguem as diretrizes do Programa Nacional de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral, que se baseiam em vertentes como atendimento ao homem, ações educativas de combate à mosca que transmite a doença, o controle vetorial do inseto transmissor (como borrifações residuais em domicílios, fumacê etc.) e, finalmente, a eliminação dos reservatórios urbanos - ou seja, sacrifício de cães portadores da doença, com o objetivo de reduzir a transmissão ao homem e aos outros cães.

Manter o cão vivo e lhe favorecer tratamento têm se mostrado muito mais eficaz que sua eliminação

Imagem: Semana OnlineImagem: Semana OnlineO ponto mais polêmico das ações do governo se concentra na matança de cães, o que obviamente provoca reações das mais exacerbadas. Diversos segmentos da sociedade, que inclusive buscaram apoio da comunidade científica, acusam que a eutanásia de cães é uma medida inócua para conter a leishmaniose. Um argumento comum é que em 2010, em Campo Grande, cerca de 11,5 mil cães foram eutanasiados e mesmo assim houve um aumento de 20% do número de casos humanos em relação ao ano anterior. Aliás, é na capital sul-mato-grossense que a ONG Abrigo dos Bichos luta pela divulgação da possibilidade de tratamento da leishmaniose. "A população assiste à questão de uma forma omissa e às vezes sob terrorismo [do poder público]. Por não terem conhecimento jurídico e nem científico, as pessoas acabam entregando seu animal para a morte, sem necessidade", explica a veterinária Maria Lúcia Metelo, presidente da organização. "O que temos hoje é uma política assassina".
A briga atravancada entre protetores de animais e o poder público começa na desinformação generalizada pela impossibilidade do tratamento, atualmente cercado de medidas proibitivas. De acordo com o Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral, publicação do Ministério da Saúde, o tratamento de cães não é uma medida recomendada, já que "leva ao risco de selecionar parasitas resistentes às drogas utilizadas para o tratamento humano". Para o impedimento, o governo se ampara na Portaria Interministerial 1426/2008, dos Ministérios da Agricultura e da Saúde, que proíbe uso de medicamentos para humanos.

Relatos científicos apontam que cães tratados não só se recuperaram dos sintomas como foram negativados

Imagem: Semana OnlineImagem: Semana OnlineSegundo a Dra. Sibele Luzia de Souza Cação, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul (CRMV-MS), o entendimento que existe no governo é razoável por razões biológicas, já que nunca existe risco zero de gerar parasitas resistentes às poucas drogas disponíveis no mercado. "Mas isso nunca foi provado cientificamente", destaca. De fato, o tratamento de cães infectados ocorre desde a década de 1940 na Europa, onde o tratamento é o mesmo dos humanos e até hoje não há relatos de resistências em cepas extraídas de caninos. A ineficiência nos tratamentos só é observada em lugares cujo grau de desnutrição dos pacientes é extremo, como em países da África e na Índia.
Após a portaria, foram surgindo, então, alternativas de tratamento para os cães que não feriam o texto da portaria. "Surgiram alguns protocolos apresentados em vários Simpósios e Seminários de leishmaniose que aconteceram por todo o Brasil, inclusive aqui em Campo Grande. Esses protocolos sempre foram apresentados por médicos veterinários da academia, ou seja, profissionais que estão atuando nas universidades, tanto no ensino como na pesquisa. E eram mostrados resultados contundentes de cura clínica dos animais tratados", diz Cação.

Não é só o cão

Outro argumento de quem combate o modus operandi do governo em relação a leishmaniose é que não só o cão é reservatório do parasita: a leishmaniose é, na verdade, uma doença basicamente de mamíferos. Em 2002, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade de São Paulo (USP) investigaram 11 espécies de mamíferos em Recife (PE). Como resultado, constataram que ratos urbanos também são reservatórios de leishmânias. Além disso, animais silvestres, como lobos, raposas, roedores e marsupiais também são alvo dos flebótomos, os insetos que transmitem a doença pela picada. "O problema da eutanásia é que ela desfoca o alvo principal, que é o controle de vetor. Se o cão foi infectado é porque existe um flebótomo no local. Sacrificar o cão não funciona porque o mosquito continuará em ação, sem falar que existem outros reservatórios que não são cães", explica André Luís Soares da Fonseca, pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Um veterinário qualificado precisa acompanhar e prescrever todas as etapas do tratamento

Imagem: Semana OnlineImagem: Semana OnlineA propósito, manter o cão vivo e lhe favorecer tratamento têm se mostrado muito mais eficaz que sua eliminação. Um estudo conduzido por dois anos em São Paulo por pesquisadores da USP e divulgado em 2010 observou que o uso de coleiras repelentes e de inseticidas implicou numa redução de 80% do número de casos de leishmaniose canina e humana, com o diferencial de que o uso das coleiras especiais também ajudou a eliminar o flebótomo. "O tratamento tem função de saúde pública, sim, já que quanto menor a carga parasitária, menor o risco de transmissão", aponta André Fonseca, que também é coordenador da Comissão Estadual de Leishmaniose do CRMV-MS. O cachorro, a propósito, funciona como uma isca para o flebótomo. "Quando o inseto se aproxima do cão, ou ele não pica o animal e morre de fome ou, se o mosquito sugar o sangue, morre com o efeito do inseticida", aponta.

Tratamento e prevenção

Outro mito em torno do tratamento da leishmaniose é que o resultado obtido garante apenas uma sobrevida do cão. Existem diversos relatos científicos nos quais os animais tratados não só se recuperaram das lesões cutâneas e viscerais comuns da doença, como também foram negativados, ou seja, deixaram de acusar o parasita em exames sorológicos. Mas este resultado, assim como no ser humano, varia com o estado de saúde do cão quando o procedimento é iniciado. "O prognóstico depende do estado do fígado e do rim do animal. Com estes órgãos em bom estado, ele vai responder bem ao tratamento. Isso também acontece no ser humano", explica André Fonseca.
Cães que responderam bem ao tratamento contra a leishmaniose. (Foto: Semana Online) - [i]Clique para conferir outras imagens[/i]Cães que responderam bem ao tratamento contra a leishmaniose. (Foto: Semana Online) - Clique para conferir outras imagensÉ o caso do Bill, cão de estimação do estudante Kayo Laport. Bill, que já tem 10 anos, iniciou o tratamento contra leishmaniose há oito meses, logo após desenvolver sintomas. "A gente não tinha certeza da doença, mas a veterinária tinha alertado para os sintomas.
Fizemos os exames e deu positivo. Depois que a gente soube que tinha tratamento, nem passou pela nossa cabeça a ideia de eutanásia. Hoje o Bill está bem, sem sintomas. Uma vez por mês ele vai ao veterinário para uma avaliação e para tomar alguns suplementos, mas porque ele já é um cão idoso", conta Kayo.
Em geral, o tratamento é realizado em duas etapas, cuja primeira utiliza drogas antiparasitárias por um período que normalmente varia de quatro meses a dois anos e meio, dependendo da agressividade do medicamento. Na segunda etapa, paralela à primeira, remédios que reprimem o crescimento das leishmânias no organismo também são administrados diariamente nos cães, até o fim da vida. Associado aos tratamento clínico, veterinários também prescrevem o uso de coleiras ou de substâncias repelentes, além de dedetização específica nos locais frequentados pelo cão e hábitos de higiene, como manter quintais limpos.
Por fim, exames frequentes são repetidos, em média, a cada quatro meses, para verificar a carga parasitária e o estado de saúde do animal. Um veterinário qualificado precisa acompanhar – e prescrever – todas as etapas da terapia. "O tratamento é uma questão ética pela vida. São duas maneiras de controlar a leishmaniose: uma é matando o animal e a outra é tratando o animal. Então por que eu vou matar em vez de tratar?", conclui André Fonseca.

Outras possibilidades

Mesmo idosos, os cães Half e Bill responderam bem ao tratamento contra a leishmaniose e já não apresentam seintomas da doença. (Foto: Semana Online) - [i]Clique para ampliar[/i]Mesmo idosos, os cães Half e Bill responderam bem ao tratamento contra a leishmaniose e já não apresentam seintomas da doença. (Foto: Semana Online) - Clique para ampliarEnquanto o governo não muda a estratégia de combate à leishmaniose, os cães e seus proprietários ficam reféns da própria sorte, na dependência da divulgação de informações consistentes sobre a doença. Atualmente, a aprovação de vacinas de imunização contra a leishmaniose esbarra na burocracia estabelecida entres os ministérios da Saúde e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Mas vale lembrar que, além do tratamento, existem duas vacinas com alto grau de defesa contra a doença, liberadas pelo Ministério da Agricultura: a Leish-Tech e a Leishmune. Existe, também, umaterceira vacina com pedido de liberação, chamada CaniLeish, que já existe na Europa.
Também tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que prevê fim do sacrifício de animais, de autoria do deputado federal Geraldo Resende (PMDB-MS). O projeto é emparelhado com a liberação de vacinas e utilização de coleiras repelentes, além do tratamento - como alternativa a política de eutanásias desempenhada pelo Ministério da Saúde. O projeto aguarda aprovação na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados.
Por Guilherme Cavalcante

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Câmara de Rondonópolis aprova projeto para vacinação canina contra a leishmaniose visceral


CÂMARA DE RONDONÓPOLIS APROVA PROJETO PARA VACINAÇÃO CANINA CONTRA A LEISHMANIOSE VISCERAL

Justificando, o parlamentar destaca que seu projeto encontra respaldo no fato de que transmitida ao homem pela picada do mosquito flebótomo
A partir do próximo ano, deverá ter início a vacinação canina contra a leishmaniose visceral no município, que se repetirá anualmente, desde então. De autoria do vereador Adonias Fernandes (PMDB), projeto de Lei neste sentido foi aprovado pela Câmara de Vereadores, na sessão ordinária da última quarta-feira, dia 20, especificando que a vacinação será feita, gratuitamente, pelo Poder Executivo e que ocorrerá mediante campanha anual de vacinação, a ser amplamente divulgada pelo Município.

Justificando, o parlamentar destaca que seu projeto encontra respaldo no fato de que transmitida ao homem pela picada do mosquito flebótomo, conhecido popularmente como mosquito palha, a leishmaniose é uma doença crônica que pode afetar os órgãos internos, causando febre, emagrecimento, anemia e a diminuição da capacidade de defesa do organismo, entre outros males. “Nossa proposição representa não apenas o combate a um problema de saúde pública, como também uma resposta a uma necessidade real da população. O número de cães infectados é assustador e o índice de animais sacrificados em clínicas veterinárias é crescente, fazendo-se necessário desenvolver, pela municipalidade, ações de controle da doença, através da oferta, gratuita, da vacina contra a leishmaniose visceral, a todos os cães da cidade”, ressaltou ele.

Projeto de castração

Adonias Fernandes foi procurado durante a semana, por simpatizantes, apoiadores membros da ONG Cantinho dos Animais, para que apresente projeto de lei já na próxima semana, com o intuito de implantar serviço de castração aos bichinhos. Tal projeto vai destacar vantagens da castração aos cães, tais como auxílio no controle da população canina e felina, diminuindo consideravelmente o número de animais abandonados e os maus tratos; evitar a Piometra ou Infecção uterina, em especial nas fêmeas de mais idade; diminuir em quase 100% a chance de a fêmea desenvolver tumor de mama, se a castração for feita próximo ao primeiro cio. “Para os gatos, a castração diminui a chance de serem atropelados, envenenados ou se envolverem em brigas, pois ficam mais caseiros. Mas o mais importante, é que o nosso projeto irá criar condições de controle das zoonoses, principalmente quanto à disseminação da raiva e da leishmaniose, dentre outros”, destacou ele, adiantando que deverá ainda apresentar rubrica na LDO 2013, visando destinação de recursos para esses dois projetos. “Com isto, ambos já poderão ser implantados no próximo ano”, concluiu.

http://www.agoramt.com.br/2012/06/camara-municipal-aprova-projeto-para-vacinacao-canina-contra-a-leishmaniose-visceral/

EXAMES PARA LEISHMANIOSE


Sacrificar cães não previne a incidência da Leishmaniose, diz veterinário




Sacrificar cães não previne a incidência da Leishmaniose, diz veterinário

A doença não é contagiosa, é transmitida tanto para o animal quanto para o homem através da picada de um inseto chamado de flebotomíneo. De acordo com o médico veterinário e professor da Unigran, Thiago Leite Fraga, o flebotomíneo é um inseto muito característico, fácil de identificar e muito pequeno.
“Ele não é considerado mosquito, porque mosquito se reproduz em água, e esse se reproduz em matéria orgânica, por isso é chamado de inseto”. Fraga é doutorando em Doenças Infecciosas e Parasitarias e explica, “a justificativa da não eutanásia é justamente essa não é o cão que passa para o humano, quem passa é o vetor, e esse vetor é o flebotomíneo. Então não adianta eliminar o cão para acabar com a doença no humano, tem que eliminar a causa e não o efeito”, indaga.
Assim, por ser uma doença vetorial e não contagiosa o animal doente pode continuar com o dono durante o tratamento, não há riscos. Conforme o professor muitos Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) ainda fazem uso da eutanásia para eliminar os animais doentes, porém o tratamento existe e é eficaz, a melhora do animal vai depender da disponibilidade do dono, “o tratamento conta muito com a disposição do proprietário de querer levar adiante. Tem que ter um acompanhamento diário e após concluir o tratamento é importante que o animal volte e refaça os exames de teste novamente.”, diz Thiago.
O médico diz ainda que o ideal é que o animal faça um acompanhamento mensal até seis meses após o tratamento, “o período crítico de recidiva é de seis meses, nesse período a doença pode retornar a circular. Após isso se a doença retornar é porque houve uma nova contaminação, uma nova picada”, esclarece o professor.

Sintomas da Leishmaniose

O dono do animal pode diagnosticar a doenças observando se há lacrimejamento nos olhos, queda de pelo, crescimento da unha, crescimento do baço e do fígado, por notar feridas na região dos olhos e no local da picada, ou ainda se houver emagrecimento e febre. Se caso haja desconfiança o proprietário deve levar o animal ao médico veterinário que fará os exames para diagnosticar. O Hospital Veterinário da UNIGRAN realiza os exames necessários para agendar uma consulta ligue 3411-4199.

 

Após alertar município, Maiza Rio vereadora de Fernandópolis/SP cobra providências sobre leishmaniose


 Depois de alertar a Prefeitura sobre a leishmaniose, agora a vereadora Maiza Rio pede providências, pois um caso já foi registrado no município.
 No último dia 5 de junho, a Sucen e a Secretaria Municipal da Saúde realizaram uma audiência pública para informar a população.
Para que Fernandópolis fique livre desta doença, que tem vitimado cães inocentes e seres humanos na região, Maiza tem cobrado o município, inclusive apresentando um Projeto de Lei sobre leishmaniose na Câmara.
Muito antes da audiência pública que trouxe o problema a público, Maiza Rio cobrou providencias do Centro de Controle de Zoonoses em relação à leishmaniose. Como também, Maiza sempre cobrou da prefeitura a castração de animais de pessoas carentes. Importante destacar, que a vereadora conseguiu recentemente, junto ao Deputado Federal João Dado, um recurso de R$150.000,00 para a castração de animais, para evitar doenças de zoonoses.
 A vereadora Maiza Rio é conhecida pela luta em defesa dos animais. Desde o primeiro mandato (2005-2008), Maiza tem apresentado projetos, reivindicações e indicações em prol dos animais. No site oficial da vereadora (www.maizario.com.br) há um espaço especial destinado para quem gosta de animais de estimação. 
publicado 15 de Junho 2012.

Extrato inibe enzima ligada a reprodução da Leishmania

Na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, pesquisa mostra que o extrato supercrítico da semente de pitanga (obtido com adição de solvente em condições críticas de temperatura e pressão, formando um gás, depois convertido em líquido)  inibe a atividade da enzima arginase, associada ao metabolismo e a reprodução da Leishmania amazonensis, protozoário causador da leishmaniose. As sementes são um resíduo não aproveitado pela indústria de alimentos e correspondem a 31% do peso total da fruta. O extrato poderá ser utilizado na produção de fármacos contra a leishmaniose, doença que atinge a população de países tropicais e subtropicais.



A arginase permite a Leishmania produzir uma substância antioxidante (tripanotiona)  que neutraliza o óxido nítrico e outros radicais livres produzidos pelos macrófagos, células de defesa do organismo de animais e seres humanos. “Os protozoários, na forma promastigota (etapa do ciclo evolutivo), invadem os macrófagos para se reproduzirem”, diz a tecnóloga de alimentos Débora Nascimento e Santos, que realizou a pesquisa. “Os macrófagos, como defesa, produzem substâncias que eliminam aLeishmania, as quais são neutralizadas indiretamente pela atividade da arginase”.
Na pesquisa, para a obtenção da enzima no protozoário, o gene responsável pela produção da arginase foi isolado e amplificado em reação em cadeia de polimerase (PCR), adicionado a um organismo vetor, neste caso, a E. coli BL21como plasmídio (micro-organismo que carrega o gene).
 “A enzima proveniente da Leishmania foi purificada por técnicas de cromatografia e o composto obtido foi então usado para teste de inibição da arginase”, conta o professor Edson Roberto da Silva, da FZEA, responsável pelo desenvolvimento da metodologia.
O experimento consistiu em adicionar em meio de reação enzimática quantidades definidas do extrato supercrítico de semente de pitanga, de arginase e arginina (substrato da enzima arginase). “Quando um composto presente no extrato inativa a arginase, menor será a metabolização da arginina”, aponta o professor. “A inibição da arginase é medida por espetrofotometria em comparação com um experimento de controle sem a presença do extrato”.
Ação antimicrobianaA pesquisa também verificou no extrato a ação antioxidante e antimicrobiana, além de fazer a identificação de compostos voláteis e dos compostos fenólicos totais, entre outros.
 “A atividade antimicrobiana também apresentou excelentes resultados”, ressalta Débora. “Com esses resultados em mãos, agora é possível caminhar no sentido de chegar ao grupo de substâncias que exercem bioatividade no extrato supercrítico”.
Para obter o extrato da semente de pitanga foram utilizados dois processos não convencionais de extração. 
O primeiro, realizado na França, utilizou solvente pressurizado (etanol), que permite maior rendimento de extrato em um menor período de tempo. O segundo, adotado nos experimentos feitos no Brasil, utilizou fluído supercrítico, com temperatura e pressão acima do nível crítico. “A substância utilizada foi o dióxido de carbono (CO2), que tem a vantagem de ser ambientalmente disponível, reconhecido como seguro e ter baixa toxicidade”, diz a tecnóloga. “Ele não requer etapas posteriores de separação do extrato e possui baixos níveis de temperatura e pressão crítica, facilitando o processo e reduzindo os custos de extração”.
Quanto a possível utilização do extrato na produção de fármacos, Débora aponta que é cada vez mais frequente o lançamento de medicamentos a partir de produtos naturais, mas entraves como custo elevado e dificuldade de purificação ainda são fatores que limitam essa alternativa em relação aos fármacos sintéticos. “Partindo de um extrato natural sem solvente como é o caso do extrato supercrítico até o medicamento final, testes de letalidade, toxicidade aguda e crônica, estabilidade e vida útil deveriam ser realizados”, ressalta. “Tudo isso em parceria com pesquisadores dessas áreas de estudo”.
A coordenadora do projeto é a professora Alessandra Lopes de Oliveira, da FZEA, que montou o equipamento de extração com CO2 supercrítico. A pesquisa tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O experimento com o extrato foi realizado no Laboratório de Imunologia e Parasitologia da FZEA, sob a supervisão do professor Edson Roberto da Silva. “O grupo de pesquisa do professor desenvolveu e padronizou a metodologia, sendo o primeiro a caracterizar a arginase presente na Leishmania”, conclui a tecnóloga.
Mais informações: (11) 3561-4280; emailtecnologadebora@gmail.com, com Debora Nascimento e Santos

domingo, 24 de junho de 2012



Esta no ar mais uma edição da Revista Semana Online. Nesta semana, uma reportagem aprofundada sobre os tratamentos da leishmaniose, uma entrevista com o diretor geral do campus de Campo Grande do IFMS, Joelson Maschio, e muito mais.
www.semanaonline.com.br

http://www.semanaonline.com.br/semanaonline.php?edicao=29#page=18&titulo=o-cao-nao-e-o-vilao-1117

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Teresina é 1ª cidade do Brasil a receber coleiras repelentes para controle do Calazar


Teresina, capital do Piauí, será a primeira cidade a ser contemplada com coleiras da Leishmaniose através do projeto do Ministério da Saúde
Teresina é 1ª cidade do Brasil a receber coleiras repelentes para controle do Calazar

Ação inédita no mundo leva à cidade piauiense o encoleiramento de cães pelo Ministério da Saúde.

11-06-2012 11:28

Ação visa reduzir a infecção em humanos e a morte de cães pela eutanásia. (Foto Reprodução)

Teresina, capital do Piauí, será a primeira cidade a ser contemplada com uma estratégia, inédita no mundo, para combater o avanço da leishmaniose visceral no Brasil.

Trata-se do projeto-piloto do Programa Federal de Controle da Leishmaniose Visceral (Calazar), cujo objetivo é um encoleiramento em massa de cães com coleiras impregnadas com deltametrina a 4%, principio ativo repelente e inseticida recomendado pela Organização Mundial da Saúde como uma das principais formas de controle da doença.

A coleira é indicada para o controle dos insetos transmissores da leishmaniose (flebotomíneos), moscas e como auxiliar no controle de carrapatos e pulgas.

O encoleiramento na cidade começa hoje, dia 11 de junho.

A cidade foi analisada pelo Ministério da Saúde e escolhida de acordo com a gravidade da doença em humanos.

De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses – CCZ, de Teresina, órgão responsável pelo controle de agravos e doenças transmitidas por animais, somente em 2011 foram notificados 65 casos humanos, com seis óbitos.

A realização de 15.595 exames preventivos em cães na cidade, também em 2011, diagnosticaram 6.225 casos caninos positivos.

“Nesse primeiro momento serão seis bairros escolhidos e destes, três bairros terão os cães encoleirados e os outros três serão monitorados para o controle da doença”, explica Dr. Elcio Leite, Diretor do CCZ de Teresina.

Os bairros contemplados pelo encoleiramento em massa foram sorteados e serão Angelin, Bela Vista e Santa Maria da Codipi.

Cerca de 9 mil cães receberão a coleira em Teresina.

Para Marco Castro, profissional da saúde e Gerente de Produtos da MSD Saúde Animal, esse projeto é uma grande esperança para os proprietários de cães e para o serviço público, uma forma de ficarmos menos dependentes da eutanásia de cães, que é hoje a principal estratégia de combate à leishmaniose visceral no Brasil.

”A Leishmaniose Visceral é um problema de saúde pública.

Em Teresina, dos testes realizados, quase 40 % dos cães apresentaram diagnóstico positivo para a doença, semelhante a outras cidades que enfrentam o mesmo problema.

A coleira à base de deltametrina a 4 % repele e mata o mosquito transmissor da leishmaniose e a Conscientização do uso da coleira é fundamental para controlar a expansão da doença”, completa Marco Castro.


O projeto-piloto do Programa Federal de Controle da Leishmaniose Visceral (Calazar) é uma ação inédita no mundo, que englobará 12 cidades em sete Estados brasileiros, nas quais bairros com transmissão intensa de leishmaniose visceral em humanos serão escolhidos para o estudo. Os estados já estão definidos - Piauí, Mato Grosso do Sul, Pará, Ceará, Maranhão, Tocantins e Minas Gerais -, e as cidades estão sendo avaliadas pelo Ministério da Saúde e serão contempladas inicialmente as regiões mais críticas da doença em humanos.

As coleiras serão distribuídas gratuitamente pelo governo, de casa em casa, acompanhadas por um exame de sangue de rotina, realizado regulamente para diagnosticar a evolução da doença na comunidade canina.

Sobre a leishmaniose
Leishmaniose é uma grave doença de saúde pública por se tratar de uma zoonose de alta letalidade, que mata muitos cães e humanos no Brasil e no mundo.

No Brasil, os casos são crescentes, inclusive com muitas mortes, mas infelizmente poucos conhecem a doença, pois é pouco divulgada e negligenciada.

No Estado do Piauí, segundo dados do Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net, foram notificados 823 casos humanos entre 2007 e 2010.

- A leishmaniose visceral (também conhecida como calazar) é uma doença de grande importância para a saúde pública por se tratar de uma zoonose de alta letalidade.

- Considerada um problema de saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Leishmaniose visceral registra anualmente 500 mil novos casos humanos no mundo com 59 mil óbitos.

- Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos.

- Há 12 milhões de pessoas infectadas no mundo.

- Pesquisadores estimam que nas áreas endêmicas, para cada humano doente, existam 200 cães infectados.

- É a segunda doença parasitária que mais mata no mundo, atrás da malária.

- Na América Latina, o Brasil registra 90% dos casos.

- De 3,5 a 4 mil novos casos por ano em humanos são registrados no País, sendo que em torno de 200 pessoas morrem por ano.

- A doença está cada vez mais expandindo para grandes centros.

Por exemplo, as regiões Norte, Sudeste e Centro Oeste, que até pouco tempo não tinham casos da doença, passaram de 26% do total de casos em 2001 para mais de 52% do total de casos em 2008.

- O protozoário Leishmania chagasi, causador da Leishmaniose Visceral é transmitido aos seres humanos através da picada de um inseto que também pode transmitir a doença ao cão doméstico.

O cão infectado serve de fonte de infecção para outros insetos que se alimentam do sangue dele, e esse fato dificulta o controle da doença no meio urbano, visto que o cão infectado pode permanecer sem sintomas por muito tempo.

O cão é considerado o principal reservatório da doença em contato direto com humanos, porém ele não transmite a doença diretamente para o ser humano através da lambedura, arranhadura ou mordedura.

- Apesar de classificada inicialmente como doença de caráter eminentemente rural, os desmatamentos e os processos migratórios, somados ao crescimento desordenado, tem sido apontados como os principais determinantes para a expansão e alteração do perfil epidemiológico da doença no Brasil, facilitando a urbanização.

- No cachorro, o tratamento não é regulamentado pelo Ministério da Saúde.

O sacrifício de animais para controlar a doença é bastante contestado, pois gera muito desconforto nos proprietários, que têm o animal como ente da família (questão social envolvida).

Tanto no ser humano quanto no animal não há a cura parasitária, apenas a cura clínica, ou seja, a pessoa continuará infectada, porém depois de tratada pode não apresentar sintomas.

Aqui, também vale ressaltar que os medicamentos para tratamento em humanos são cardiotóxicos, ou seja, alguns pacientes não toleram o tratamento.

- Os sintomas mais visíveis aos donos de animais são as feridas na pele, principalmente nas saliências ósseas e o emagrecimento acentuado, porém, os proprietários mais atentos perceberão também que o animal está diferente (abatido, fraco), sem apetite, com as mucosas pálidas (anemia), algumas vezes apresentando volume abdominal aumentado e o crescimento exagerado do tamanho das unhas.

Nos humanos a doença provoca apatia, febre, perda de peso, anemia e um aumento acentuado no tamanho do baço.

- Com vistas à prevenção, é de vital importância que os donos de cães ajudem no combate e controle da doença.

Eles devem utilizar medidas que diminuam o risco do cão se infectar, como o uso de coleira impregnada de deltametrina a 4%, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como umas das formas de controle da doença.

Com a coleira, que possui efeito inseticida (mata o mosquito), os estudos realizados com o encoleiramento em massa demonstraram diminuição de forma significativa da incidência da doença nos humanos e do uso de inseticidas, prejudiciais ao meio ambiente.

O encoleiramento dos cães pelo Ministério da Saúde pode ser um grande avanço na forma de controlar a doença.

Além disso, essa ação pode evitar que o Brasil passe de uma situação endêmica para uma situação epidêmica, de descontrole.

Atitudes simples, como a limpeza de quintais com a remoção de fezes e restos de folhas e frutos em decomposição, também ajudam a combater a doença, uma vez que o mosquito deposita seus os ovos em locais ricos em matéria orgânica.

Cientistas desenvolvem tratamento para a forma canina da leishmaniose



SAÚDE ANIMAL »Cientistas desenvolvem tratamento para a forma canina da leishmaniose

Pedro Cerqueira - Estado de Minas
Publicação: 11/06/2012 16:42 Atualização:
Belo Horizonte — Boa notícia para quem gosta de animais, principalmente de cães. Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) propõe uma nova forma de tratamento para a leishmaniose visceral canina, que resulta em 50% de cura, além da quebra do ciclo de transmissão da doença para o homem. O estudo foi uma “dobradinha” entre pesquisadores dos departamentos de Fisiologia e Biofísica e de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da instituição, que participam da Rede Mineira de Nanobiotecnologia e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanobiofarmacêutica.

A leishmaniose é uma doença parasitária transmitida pela picada do mosquito-palha (vetor), que, na sua forma visceral mais severa, tem no cachorro (hospedeiro) seu principal reservatório da Leishmania chagasi, protozoário responsável pela doença. No Brasil, são registrados cerca de 5 mil novos casos por ano em homens (nesse caso, a doença se chama leishmaniose visceral humana). E estima-se que 5% da população canina do país esteja contaminada. Enquanto o tratamento em pessoas é feito com medicamento à base de antimônio, para o animal, o caminho é o sacrifício. Trata-se de uma medida controversa, já que em outros países, como a Espanha, os animais são tratados há mais de 50 anos.



Teresina é 1ª cidade do Brasil a receber coleiras repelentes para controle do Calazar Ação inédita no mundo leva à cidade piauiense o encoleiramento de cães pelo Ministério da Saúde.

Teresina é 1ª cidade do Brasil a receber coleiras repelentes para controle do Calazar  Ação inédita no mundo leva à cidade piauiense o encoleiramento de cães pelo Ministério da Saúde.

11-06-2012 11:28
Ação visa reduzir a infecção em humanos  e a morte de cães pela eutanásia.Ação visa reduzir a infecção em humanos e a morte de cães pela eutanásia. (Foto Reprodução)

Teresina, capital do Piauí, será a primeira cidade a ser contemplada com uma estratégia, inédita no mundo, para combater o avanço da leishmaniose visceral no Brasil. Trata-se do projeto-piloto do Programa Federal de Controle da Leishmaniose Visceral (Calazar), cujo objetivo é um encoleiramento em massa de cães com coleiras impregnadas com deltametrina a 4%, principio ativo repelente e inseticida recomendado pela Organização Mundial da Saúde como uma das principais formas de controle da doença. A coleira é indicada para o controle dos insetos transmissores da leishmaniose (flebotomíneos), moscas e como auxiliar no controle de carrapatos e pulgas. O encoleiramento na cidade começa hoje, dia 11 de junho.
A cidade foi analisada pelo Ministério da Saúde e escolhida de acordo com a gravidade da doença em humanos. De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses – CCZ, de Teresina, órgão responsável pelo controle de agravos e doenças transmitidas por animais, somente em 2011 foram notificados 65 casos humanos, com seis óbitos. A realização de 15.595 exames preventivos em cães na cidade, também em 2011, diagnosticaram 6.225 casos caninos positivos.
“Nesse primeiro momento serão seis bairros escolhidos e destes, três bairros terão os cães encoleirados e os outros três serão monitorados para o controle da doença”, explica Dr. Elcio Leite, Diretor do CCZ de Teresina. Os bairros contemplados pelo encoleiramento em massa foram sorteados e serão Angelin, Bela Vista e Santa Maria da Codipi. Cerca de 9 mil cães receberão a coleira em Teresina.
Para Marco Castro, profissional da saúde e Gerente de Produtos da MSD Saúde Animal, esse projeto é uma grande esperança para os proprietários de cães e para o serviço público, uma forma de ficarmos menos dependentes da eutanásia de cães, que é hoje a principal estratégia de combate à leishmaniose visceral no Brasil. ”A Leishmaniose Visceral é um problema de saúde pública. Em Teresina, dos testes realizados, quase 40 % dos cães apresentaram diagnóstico positivo para a doença, semelhante a outras cidades que enfrentam o mesmo problema. A coleira à base de deltametrina a 4 % repele e mata o mosquito transmissor da leishmaniose e a conscientização do uso da coleira é fundamental para controlar a expansão da doença”, completa Marco Castro.

O projeto-piloto do Programa Federal de Controle da Leishmaniose Visceral (Calazar) é uma ação inédita no mundo, que englobará 12 cidades em sete Estados brasileiros, nas quais bairros com transmissão intensa de leishmaniose visceral em humanos serão escolhidos para o estudo. Os estados já estão definidos - Piauí, Mato Grosso do Sul, Pará, Ceará, Maranhão, Tocantins e Minas Gerais -, e as cidades estão sendo avaliadas pelo Ministério da Saúde e serão contempladas inicialmente as regiões mais críticas da doença em humanos.
As coleiras serão distribuídas gratuitamente pelo governo, de casa em casa, acompanhadas por um exame de sangue de rotina, realizado regulamente para diagnosticar a evolução da doença na comunidade canina.
Sobre a leishmaniose
Leishmaniose é uma grave doença de saúde pública por se tratar de uma zoonose de alta letalidade, que mata muitos cães e humanos no Brasil e no mundo. No Brasil, os casos são crescentes, inclusive com muitas mortes, mas infelizmente poucos conhecem a doença, pois é pouco divulgada e negligenciada. No Estado do Piauí, segundo dados do Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net, foram notificados 823 casos humanos entre 2007 e 2010.
- A leishmaniose visceral (também conhecida como calazar) é uma doença de grande importância para a saúde pública por se tratar de uma zoonose de alta letalidade.
- Considerada um problema de saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Leishmaniose visceral registra anualmente 500 mil novos casos humanos no mundo com 59 mil óbitos.
- Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos.
- Há 12 milhões de pessoas infectadas no mundo.
- Pesquisadores estimam que nas áreas endêmicas, para cada humano doente, existam 200 cães infectados.
- É a segunda doença parasitária que mais mata no mundo, atrás da malária.
- Na América Latina, o Brasil registra 90% dos casos.
- De 3,5 a 4 mil novos casos por ano em humanos são registrados no País, sendo que em torno de 200 pessoas morrem por ano.
- A doença está cada vez mais expandindo para grandes centros. Por exemplo, as regiões Norte, Sudeste e Centro Oeste, que até pouco tempo não tinham casos da doença, passaram de 26% do total de casos em 2001 para mais de 52% do total de casos em 2008.
- O protozoário Leishmania chagasi, causador da Leishmaniose Visceral é transmitido aos seres humanos através da picada de um inseto que também pode transmitir a doença ao cão doméstico. O cão infectado serve de fonte de infecção para outros insetos que se alimentam do sangue dele, e esse fato dificulta o controle da doença no meio urbano, visto que o cão infectado pode permanecer sem sintomas por muito tempo. O cão é considerado o principal reservatório da doença em contato direto com humanos, porém ele não transmite a doença diretamente para o ser humano através da lambedura, arranhadura ou mordedura.
- Apesar de classificada inicialmente como doença de caráter eminentemente rural, os desmatamentos e os processos migratórios, somados ao crescimento desordenado, tem sido apontados como os principais determinantes para a expansão e alteração do perfil epidemiológico da doença no Brasil, facilitando a urbanização.
- No cachorro, o tratamento não é regulamentado pelo Ministério da Saúde. O sacrifício de animais para controlar a doença é bastante contestado, pois gera muito desconforto nos proprietários, que têm o animal como ente da família (questão social envolvida). Tanto no ser humano quanto no animal não há a cura parasitária, apenas a cura clínica, ou seja, a pessoa continuará infectada, porém depois de tratada pode não apresentar sintomas. Aqui, também vale ressaltar que os medicamentos para tratamento em humanos são cardiotóxicos, ou seja, alguns pacientes não toleram o tratamento.
- Os sintomas mais visíveis aos donos de animais são as feridas na pele, principalmente nas saliências ósseas e o emagrecimento acentuado, porém, os proprietários mais atentos perceberão também que o animal está diferente (abatido, fraco), sem apetite, com as mucosas pálidas (anemia), algumas vezes apresentando volume abdominal aumentado e o crescimento exagerado do tamanho das unhas. Nos humanos a doença provoca apatia, febre, perda de peso, anemia e um aumento acentuado no tamanho do baço.
- Com vistas à prevenção, é de vital importância que os donos de cães ajudem no combate e controle da doença. Eles devem utilizar medidas que diminuam o risco do cão se infectar, como o uso de coleira impregnada de deltametrina a 4%, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como umas das formas de controle da doença. Com a coleira, que possui efeito inseticida (mata o mosquito), os estudos realizados com o encoleiramento em massa demonstraram diminuição de forma significativa da incidência da doença nos humanos e do uso de inseticidas, prejudiciais ao meio ambiente. O encoleiramento dos cães pelo Ministério da Saúde pode ser um grande avanço na forma de controlar a doença. Além disso, essa ação pode evitar que o Brasil passe de uma situação endêmica para uma situação epidêmica, de descontrole. Atitudes simples, como a limpeza de quintais com a remoção de fezes e restos de folhas e frutos em decomposição, também ajudam a combater a doença, uma vez que o mosquito deposita seus os ovos em locais ricos em matéria orgânica.
http://www.meionorte.com/noticias/geral/teresina-e-1-cidade-do-brasil-a-receber-coleiras-repelentes-para-controle-do-calazar-169545.html

domingo, 10 de junho de 2012

ENTRE O AMOR E A DOR CAUSADA PELO CALAZAR


ENTRE O AMOR E A DOR CAUSADA PELO CALAZAR

Só de ouvir a palavra calazar, quem tem animal de estimação já fica preocupado. 

Hoje, o percurso oficial após o diagnóstico é a eutanásia do cão. 

No entanto, a busca por tratamento vem se tornando mais comum

Só quem possui um animal de estimação sabe o amor que sente e o que faria para mantê-lo perto, saudável e feliz.

Aos que, de fora, assistem essa relação que se estreita ao longo dos anos, resta tentar imaginar.

E é por causa dessa devoção que muitos destinam aos seus animais, que a palavra calazar possui um peso tão grande.

Da maneira como é encarada atualmente pelos órgãos sanitários e de saúde pública, a doença é uma sentença de morte para o cão.

Atualmente, a partir do momento que o calazar é diagnosticado, a orientação é encaminhar o animal para a eutanásia, seja no Centro de Zoonoses da Capital, seja em clínicas particulares.

Através de um processo químico, que deve ser feito com anestesia, o cão não retorna mais à casa do seu dono, sendo sacrificado.

Em Fortaleza, foram registrados 5.025 casos de calazar em cães, como é popularmente conhecida a leishmaniose visceral, pelo Centro de Zoonoses.

O número assusta, mas deve ser bem maior, conforme opina a veterinária Fabiana Fernandes.

Segundo ela, os casos de calazar que chegam às clínicas não passam por um processo de notificação, o que pode resultar em um total que seja o dobro do atual.

O veterinário do Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza, Sérgio Franco, admite que a doença é de notificação compulsória, mas não existe a obrigação de notificar.

“Deveria haver um pouco mais de fiscalização em relação a isso, mas não existe, até mesmo porque não existem meios de realizar essa notificação”.

Segundo ele, os casos caninos não vêm aumentando nos últimos anos, mas têm se mantido em um patamar alto.

POLÊMICA
Enquanto a recomendação oficial é sacrificar os animais infectados pela leishmaniose visceral, a vontade e atitude de muitos dos que possuem bichos de estimação é outra.

Assim, a procura dos proprietários por possibilidades de tratamento para os cães abre uma questão polêmica, que envolve órgãos de saúde, veterinários e os donos de animais de estimação.

Muitos dos que se negam a entregar o cão para a eutanásia buscam opções de tratamento com o auxílio das informações obtidas por meio da Internet e contam com a retaguarda de médicos veterinários.

Mesmo sendo algo “por baixo dos panos” do discurso oficial, não é tarefa difícil achar quem ofereça tratamento como uma saída possível para os cães que possuem donos dispostos a encarar um processo longo e ininterrupto.

A questão é controversa e possui versões inflamadas, seja pela paixão e certeza da possibilidade de tratamento, seja pela indicação de que não optar pela eutanásia é um ato irresponsável e arriscado para a saúde coletiva.

Ao escolher um caminho ou outro, a busca por informação é primordial.

É por esse motivo, que o Ciência & Saúde desta semana adentra no cenário do calazar, na polêmica sobre tratamento e na necessidade essencial da prevenção, possível de evitar um diagnóstico tão sofrido.

59,8% dos cães com calazar foram eutanasiados pelo Centro de Controle de Zoonoses em 2011

98% de proteção
É o índice da vacina durante um ano no cão.

A vacinação tem de ser anual

ENTENDA A NOTÍCIA

A orientação ao ter um cão com calazar é a eutanásia, por causa do risco de transmissão da doença.

Em Fortaleza, foram mais de 5 mil casos notificados em 2011.

Muitos recusam o método e buscam possibilidades de tratamento.

http://www.opovo.com.br/app/opovo/cienciaesaude/2012/06/09/noticiasjornalcienciaesaude,2854704/entre-o-amor-e-a-dor-causada-pleo-calazar.shtml

NOVAS POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO NO CÃO ESTÃO SENDO ESTUDADAS


Enquanto a polêmica do tratamento envolve poder público e proprietários que não aceitam a eutanásia como única opção, pesquisadores mergulham nas possibilidades científicas para melhor entender e lidar com o calazar. 

E, para o veterinário Ricardo Henz, a pesquisa é o caminho possível, “não simplesmente dizer que calazar não tem cura e matar o cachorro”.

Um dos estudos brasileiros é desenvolvido pelo Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo a instituição, o teste alcançou taxa de cura parasitológica de 50% através de um protocolo terapêutico que usa a nanotecnologia e uma formulação nova com medicamentos já conhecidos.

O estudo possibilitou que a distribuição dos medicamentos no organismo do animal fosse mais eficaz.

Através desses resultados, os animais que foram submetidos ao tratamento não continuaram a transmitir o parasita para o flebotomíneo, quebrando o ciclo.

O estudo tem como base a tese de doutorado de Sydnei Magno da Silva e, segundo a instituição, já é objeto de negociação com uma empresa farmacêutica.

Apesar de os índices de cura chegarem a 50%, a pesquisa abre um caminho para que seja provada a possibilidade de tratamento para a cura parasitológica, o que nos melhores cenários, tornaria possível a mudança da postura do governo brasileiro sobre o calazar e a eutanásia. (SA)

http://www.opovo.com.br/app/opovo/cienciaesaude/2012/06/09/noticiasjornalcienciaesaude,2854717/pesquisadores-buscam-tratamentos-alternativos.shtml


Saúde e bem-estar devem ser prioridade. O animal é diagnosticado com calazar e, prontamente, eutanasiado. Esse cenário vem se modificando ao longo dos anos. Mas existência de tratamentos e o não reconhecimento deles alimenta uma polêmica.



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DIAGNÓSTICO 10/06/2012

Saúde e bem-estar devem ser prioridade

O animal é diagnosticado com calazar e, prontamente, eutanasiado. Esse cenário vem se modificando ao longo dos anos. Mas existência de tratamentos e o não reconhecimento deles alimenta uma polêmica
Ao receber um diagnóstico de calazar do animal de estimação, a indicação dada no Brasil é a da eutanásia. No entanto, muitas pessoas que possuem um cão diagnosticado preferem buscar uma alternativa que permita ter o companheiro por mais tempo. Para um proprietário de cachorros, que preferiu não ter o nome publicado, o tratamento é uma realidade há dois anos. À época da descoberta do calazar, ele conversou com o veterinário e resolveu tentar tratar o animal. O remédio vem de Portugal e, a cada seis meses, ele realiza exames para checar o estado do cão. 

Segundo ele, é necessário haver uma relação de confiança entre veterinário e cliente para ter certeza que os medicamentos serão dados de forma contínua, pois é a chance de anular o protozoário, evitar a transmissão e manter a qualidade de vida do animal. Segundo o veterinário Ricardo Henz, a procura por tratamento vem aumentando porque as pessoas estão se informando mais e não aceitam a ideia de que matar o cachorro resolva o problema.


“Elas veem que na Europa, os cães são tratados e existem bons resultados, é seguro. E aí é que vem o problema, quando o tratamento fica proibido (no Brasil), vai ser feito por leigos, pela Internet, veem o que outros estão dando para o cachorro e experimentam”, alertou Hanz. Muitos dos tratamentos realizados incluem interação medicamentosa de produtos para uso humano disponíveis no Brasil (o que é proibido pelos órgãos de saúde), a importação (fora dos radares oficiais) de medicamentos vendidos em outros locais do mundo, assim como possibilidades outras, como a imunoterapia.


E muitos são os métodos e casos relatados, seja na Internet ou na boca de proprietários e veterinários, sobre procedimentos que deram certo e cães que se mantiveram bem com os cuidados constantes dos donos.
Resistência
O coordenador geral do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Ricardo Pio Marins, reitera a posição oficial indicando que o tratamento de cães é uma irresponsabilidade técnica de quem faz. Segundo ele, ao utilizar medicamentos para humanos em cães, cria-se uma resistência perigosa ao remédio, que pode colocar em risco à saúde das pessoas que precisam do tratamento.


Sérgio Franco, veterinário do CCZ, explicou que os profissionais que realizam esse tipo de tratamento monitoram e controlam o animal, que pode até ficar bem fisicamente e não contar com a leishmania em nível de transmissão. “Mas com o passar do tempo ou ele vai ter esse tratamento para o resto da vida ou, em algum momento, o nível de leishmania vai aumentar e ele vai passar para o flebótomo”.
Já a veterinária da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Jane Cris Cunha, reconheceu que é muito doloroso indicar a eutanásia, mas é algo necessário por não existir opção melhor validada na literatura. “O tratamento, em alguns casos, tem a cura clínica do animal, mas ele continua positivo e infectando o flebótomo”, indicou.
Para Juliana Maia, a decisão de eutanasiar o primeiro cachorro, Juba, após o diagnóstico, deixou marcas que ela busca transformar em informação para os outros dois cachorros que cria hoje. Apesar dos cuidados, ao ter o cão diagnosticado com calazar, ela optou pela eutanásia, pois a mãe estava realizando quimioterapia.
“Eu, diante daquela situação, fui muito emergencial e prática, embora de maneira nenhuma eu quisesse fazer aquilo”, relembra, para complementar que “sinceramente, não sei o que faria se um dos meus cães fizesse um exame e apresentasse o calazar. Ainda existem muitos mitos sobre a doença e o que falta nas pessoas é informação”. E é a busca constante por informação que deve nortear a relação entre humanos e os animais de estimação, para que a saúde e o bem estar sejam prioritários. Afinal, a informação anda de mãos dadas com prevenção. (Samaisa dos Anjos)

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