Teresina, capital do Piauí, será a primeira cidade a ser contemplada com coleiras da Leishmaniose através do projeto do Ministério da Saúde
Teresina é 1ª cidade do Brasil a receber coleiras repelentes para controle do Calazar
Ação inédita no mundo leva à cidade piauiense o encoleiramento de cães pelo Ministério da Saúde.
11-06-2012 11:28
Ação visa reduzir a infecção em humanos e a morte de cães pela eutanásia. (Foto Reprodução)
Teresina, capital do Piauí, será a primeira cidade a ser contemplada com uma estratégia, inédita no mundo, para combater o avanço da leishmaniose visceral no Brasil.
Trata-se do projeto-piloto do Programa Federal de Controle da Leishmaniose Visceral (Calazar), cujo objetivo é um encoleiramento em massa de cães com coleiras impregnadas com deltametrina a 4%, principio ativo repelente e inseticida recomendado pela Organização Mundial da Saúde como uma das principais formas de controle da doença.
A coleira é indicada para o controle dos insetos transmissores da leishmaniose (flebotomíneos), moscas e como auxiliar no controle de carrapatos e pulgas.
O encoleiramento na cidade começa hoje, dia 11 de junho.
A cidade foi analisada pelo Ministério da Saúde e escolhida de acordo com a gravidade da doença em humanos.
De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses – CCZ, de Teresina, órgão responsável pelo controle de agravos e doenças transmitidas por animais, somente em 2011 foram notificados 65 casos humanos, com seis óbitos.
A realização de 15.595 exames preventivos em cães na cidade, também em 2011, diagnosticaram 6.225 casos caninos positivos.
“Nesse primeiro momento serão seis bairros escolhidos e destes, três bairros terão os cães encoleirados e os outros três serão monitorados para o controle da doença”, explica Dr. Elcio Leite, Diretor do CCZ de Teresina.
Os bairros contemplados pelo encoleiramento em massa foram sorteados e serão Angelin, Bela Vista e Santa Maria da Codipi.
Cerca de 9 mil cães receberão a coleira em Teresina.
Para Marco Castro, profissional da saúde e Gerente de Produtos da MSD Saúde Animal, esse projeto é uma grande esperança para os proprietários de cães e para o serviço público, uma forma de ficarmos menos dependentes da eutanásia de cães, que é hoje a principal estratégia de combate à leishmaniose visceral no Brasil.
”A Leishmaniose Visceral é um problema de saúde pública.
Em Teresina, dos testes realizados, quase 40 % dos cães apresentaram diagnóstico positivo para a doença, semelhante a outras cidades que enfrentam o mesmo problema.
A coleira à base de deltametrina a 4 % repele e mata o mosquito transmissor da leishmaniose e a Conscientização do uso da coleira é fundamental para controlar a expansão da doença”, completa Marco Castro.
O projeto-piloto do Programa Federal de Controle da Leishmaniose Visceral (Calazar) é uma ação inédita no mundo, que englobará 12 cidades em sete Estados brasileiros, nas quais bairros com transmissão intensa de leishmaniose visceral em humanos serão escolhidos para o estudo. Os estados já estão definidos - Piauí, Mato Grosso do Sul, Pará, Ceará, Maranhão, Tocantins e Minas Gerais -, e as cidades estão sendo avaliadas pelo Ministério da Saúde e serão contempladas inicialmente as regiões mais críticas da doença em humanos.
As coleiras serão distribuídas gratuitamente pelo governo, de casa em casa, acompanhadas por um exame de sangue de rotina, realizado regulamente para diagnosticar a evolução da doença na comunidade canina.
Sobre a leishmaniose
Leishmaniose é uma grave doença de saúde pública por se tratar de uma zoonose de alta letalidade, que mata muitos cães e humanos no Brasil e no mundo.
No Brasil, os casos são crescentes, inclusive com muitas mortes, mas infelizmente poucos conhecem a doença, pois é pouco divulgada e negligenciada.
No Estado do Piauí, segundo dados do Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net, foram notificados 823 casos humanos entre 2007 e 2010.
- A leishmaniose visceral (também conhecida como calazar) é uma doença de grande importância para a saúde pública por se tratar de uma zoonose de alta letalidade.
- Considerada um problema de saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Leishmaniose visceral registra anualmente 500 mil novos casos humanos no mundo com 59 mil óbitos.
- Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos.
- Há 12 milhões de pessoas infectadas no mundo.
- Pesquisadores estimam que nas áreas endêmicas, para cada humano doente, existam 200 cães infectados.
- É a segunda doença parasitária que mais mata no mundo, atrás da malária.
- Na América Latina, o Brasil registra 90% dos casos.
- De 3,5 a 4 mil novos casos por ano em humanos são registrados no País, sendo que em torno de 200 pessoas morrem por ano.
- A doença está cada vez mais expandindo para grandes centros.
Por exemplo, as regiões Norte, Sudeste e Centro Oeste, que até pouco tempo não tinham casos da doença, passaram de 26% do total de casos em 2001 para mais de 52% do total de casos em 2008.
- O protozoário Leishmania chagasi, causador da Leishmaniose Visceral é transmitido aos seres humanos através da picada de um inseto que também pode transmitir a doença ao cão doméstico.
O cão infectado serve de fonte de infecção para outros insetos que se alimentam do sangue dele, e esse fato dificulta o controle da doença no meio urbano, visto que o cão infectado pode permanecer sem sintomas por muito tempo.
O cão é considerado o principal reservatório da doença em contato direto com humanos, porém ele não transmite a doença diretamente para o ser humano através da lambedura, arranhadura ou mordedura.
- Apesar de classificada inicialmente como doença de caráter eminentemente rural, os desmatamentos e os processos migratórios, somados ao crescimento desordenado, tem sido apontados como os principais determinantes para a expansão e alteração do perfil epidemiológico da doença no Brasil, facilitando a urbanização.
- No cachorro, o tratamento não é regulamentado pelo Ministério da Saúde.
O sacrifício de animais para controlar a doença é bastante contestado, pois gera muito desconforto nos proprietários, que têm o animal como ente da família (questão social envolvida).
Tanto no ser humano quanto no animal não há a cura parasitária, apenas a cura clínica, ou seja, a pessoa continuará infectada, porém depois de tratada pode não apresentar sintomas.
Aqui, também vale ressaltar que os medicamentos para tratamento em humanos são cardiotóxicos, ou seja, alguns pacientes não toleram o tratamento.
- Os sintomas mais visíveis aos donos de animais são as feridas na pele, principalmente nas saliências ósseas e o emagrecimento acentuado, porém, os proprietários mais atentos perceberão também que o animal está diferente (abatido, fraco), sem apetite, com as mucosas pálidas (anemia), algumas vezes apresentando volume abdominal aumentado e o crescimento exagerado do tamanho das unhas.
Nos humanos a doença provoca apatia, febre, perda de peso, anemia e um aumento acentuado no tamanho do baço.
- Com vistas à prevenção, é de vital importância que os donos de cães ajudem no combate e controle da doença.
Eles devem utilizar medidas que diminuam o risco do cão se infectar, como o uso de coleira impregnada de deltametrina a 4%, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como umas das formas de controle da doença.
Com a coleira, que possui efeito inseticida (mata o mosquito), os estudos realizados com o encoleiramento em massa demonstraram diminuição de forma significativa da incidência da doença nos humanos e do uso de inseticidas, prejudiciais ao meio ambiente.
O encoleiramento dos cães pelo Ministério da Saúde pode ser um grande avanço na forma de controlar a doença.
Além disso, essa ação pode evitar que o Brasil passe de uma situação endêmica para uma situação epidêmica, de descontrole.
Atitudes simples, como a limpeza de quintais com a remoção de fezes e restos de folhas e frutos em decomposição, também ajudam a combater a doença, uma vez que o mosquito deposita seus os ovos em locais ricos em matéria orgânica.
Ação inédita no mundo leva à cidade piauiense o encoleiramento de cães pelo Ministério da Saúde.
11-06-2012 11:28
Ação visa reduzir a infecção em humanos e a morte de cães pela eutanásia. (Foto Reprodução)
Teresina, capital do Piauí, será a primeira cidade a ser contemplada com uma estratégia, inédita no mundo, para combater o avanço da leishmaniose visceral no Brasil.
Trata-se do projeto-piloto do Programa Federal de Controle da Leishmaniose Visceral (Calazar), cujo objetivo é um encoleiramento em massa de cães com coleiras impregnadas com deltametrina a 4%, principio ativo repelente e inseticida recomendado pela Organização Mundial da Saúde como uma das principais formas de controle da doença.
A coleira é indicada para o controle dos insetos transmissores da leishmaniose (flebotomíneos), moscas e como auxiliar no controle de carrapatos e pulgas.
O encoleiramento na cidade começa hoje, dia 11 de junho.
A cidade foi analisada pelo Ministério da Saúde e escolhida de acordo com a gravidade da doença em humanos.
De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses – CCZ, de Teresina, órgão responsável pelo controle de agravos e doenças transmitidas por animais, somente em 2011 foram notificados 65 casos humanos, com seis óbitos.
A realização de 15.595 exames preventivos em cães na cidade, também em 2011, diagnosticaram 6.225 casos caninos positivos.
“Nesse primeiro momento serão seis bairros escolhidos e destes, três bairros terão os cães encoleirados e os outros três serão monitorados para o controle da doença”, explica Dr. Elcio Leite, Diretor do CCZ de Teresina.
Os bairros contemplados pelo encoleiramento em massa foram sorteados e serão Angelin, Bela Vista e Santa Maria da Codipi.
Cerca de 9 mil cães receberão a coleira em Teresina.
Para Marco Castro, profissional da saúde e Gerente de Produtos da MSD Saúde Animal, esse projeto é uma grande esperança para os proprietários de cães e para o serviço público, uma forma de ficarmos menos dependentes da eutanásia de cães, que é hoje a principal estratégia de combate à leishmaniose visceral no Brasil.
”A Leishmaniose Visceral é um problema de saúde pública.
Em Teresina, dos testes realizados, quase 40 % dos cães apresentaram diagnóstico positivo para a doença, semelhante a outras cidades que enfrentam o mesmo problema.
A coleira à base de deltametrina a 4 % repele e mata o mosquito transmissor da leishmaniose e a Conscientização do uso da coleira é fundamental para controlar a expansão da doença”, completa Marco Castro.
O projeto-piloto do Programa Federal de Controle da Leishmaniose Visceral (Calazar) é uma ação inédita no mundo, que englobará 12 cidades em sete Estados brasileiros, nas quais bairros com transmissão intensa de leishmaniose visceral em humanos serão escolhidos para o estudo. Os estados já estão definidos - Piauí, Mato Grosso do Sul, Pará, Ceará, Maranhão, Tocantins e Minas Gerais -, e as cidades estão sendo avaliadas pelo Ministério da Saúde e serão contempladas inicialmente as regiões mais críticas da doença em humanos.
As coleiras serão distribuídas gratuitamente pelo governo, de casa em casa, acompanhadas por um exame de sangue de rotina, realizado regulamente para diagnosticar a evolução da doença na comunidade canina.
Sobre a leishmaniose
Leishmaniose é uma grave doença de saúde pública por se tratar de uma zoonose de alta letalidade, que mata muitos cães e humanos no Brasil e no mundo.
No Brasil, os casos são crescentes, inclusive com muitas mortes, mas infelizmente poucos conhecem a doença, pois é pouco divulgada e negligenciada.
No Estado do Piauí, segundo dados do Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net, foram notificados 823 casos humanos entre 2007 e 2010.
- A leishmaniose visceral (também conhecida como calazar) é uma doença de grande importância para a saúde pública por se tratar de uma zoonose de alta letalidade.
- Considerada um problema de saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Leishmaniose visceral registra anualmente 500 mil novos casos humanos no mundo com 59 mil óbitos.
- Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos.
- Há 12 milhões de pessoas infectadas no mundo.
- Pesquisadores estimam que nas áreas endêmicas, para cada humano doente, existam 200 cães infectados.
- É a segunda doença parasitária que mais mata no mundo, atrás da malária.
- Na América Latina, o Brasil registra 90% dos casos.
- De 3,5 a 4 mil novos casos por ano em humanos são registrados no País, sendo que em torno de 200 pessoas morrem por ano.
- A doença está cada vez mais expandindo para grandes centros.
Por exemplo, as regiões Norte, Sudeste e Centro Oeste, que até pouco tempo não tinham casos da doença, passaram de 26% do total de casos em 2001 para mais de 52% do total de casos em 2008.
- O protozoário Leishmania chagasi, causador da Leishmaniose Visceral é transmitido aos seres humanos através da picada de um inseto que também pode transmitir a doença ao cão doméstico.
O cão infectado serve de fonte de infecção para outros insetos que se alimentam do sangue dele, e esse fato dificulta o controle da doença no meio urbano, visto que o cão infectado pode permanecer sem sintomas por muito tempo.
O cão é considerado o principal reservatório da doença em contato direto com humanos, porém ele não transmite a doença diretamente para o ser humano através da lambedura, arranhadura ou mordedura.
- Apesar de classificada inicialmente como doença de caráter eminentemente rural, os desmatamentos e os processos migratórios, somados ao crescimento desordenado, tem sido apontados como os principais determinantes para a expansão e alteração do perfil epidemiológico da doença no Brasil, facilitando a urbanização.
- No cachorro, o tratamento não é regulamentado pelo Ministério da Saúde.
O sacrifício de animais para controlar a doença é bastante contestado, pois gera muito desconforto nos proprietários, que têm o animal como ente da família (questão social envolvida).
Tanto no ser humano quanto no animal não há a cura parasitária, apenas a cura clínica, ou seja, a pessoa continuará infectada, porém depois de tratada pode não apresentar sintomas.
Aqui, também vale ressaltar que os medicamentos para tratamento em humanos são cardiotóxicos, ou seja, alguns pacientes não toleram o tratamento.
- Os sintomas mais visíveis aos donos de animais são as feridas na pele, principalmente nas saliências ósseas e o emagrecimento acentuado, porém, os proprietários mais atentos perceberão também que o animal está diferente (abatido, fraco), sem apetite, com as mucosas pálidas (anemia), algumas vezes apresentando volume abdominal aumentado e o crescimento exagerado do tamanho das unhas.
Nos humanos a doença provoca apatia, febre, perda de peso, anemia e um aumento acentuado no tamanho do baço.
- Com vistas à prevenção, é de vital importância que os donos de cães ajudem no combate e controle da doença.
Eles devem utilizar medidas que diminuam o risco do cão se infectar, como o uso de coleira impregnada de deltametrina a 4%, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como umas das formas de controle da doença.
Com a coleira, que possui efeito inseticida (mata o mosquito), os estudos realizados com o encoleiramento em massa demonstraram diminuição de forma significativa da incidência da doença nos humanos e do uso de inseticidas, prejudiciais ao meio ambiente.
O encoleiramento dos cães pelo Ministério da Saúde pode ser um grande avanço na forma de controlar a doença.
Além disso, essa ação pode evitar que o Brasil passe de uma situação endêmica para uma situação epidêmica, de descontrole.
Atitudes simples, como a limpeza de quintais com a remoção de fezes e restos de folhas e frutos em decomposição, também ajudam a combater a doença, uma vez que o mosquito deposita seus os ovos em locais ricos em matéria orgânica.
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